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Os Mórmons acreditam na Virgem Maria?

Os Mórmons acreditam na Virgem Maria?

Os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem como primeira Regra de Fé a crença no Pai Celestial e em Seu Filho Jesus Cristo. Jesus é o Salvador e Redentor do Mundo, Ele é o Criador, o Messias e o Santo de Israel. Ele também é o Primogênito de Deus, o Pai, em espírito – e o Unigênito na carne. Este último título é significativo. Unigênito significa único. Cristo foi a única pessoa nascida de uma mãe mortal, Maria, e de um pai imortal, Deus, o Pai. É por isso que Jesus é chamado de Filho Unigênito de Deus. De Seu Pai, Ele herdou poderes divinos (ver João 10:17–18). Da mãe, herdou a mortalidade e tornou-Se sujeito a fome, sede, fadiga, dor e morte.

Por ter um papel especial no Plano de Deus, Maria, mãe de Jesus, ocupa uma posição de destaque entre as mulheres – e é louvada pelos santos dos últimos dias (mórmons). Contudo, os membros da Igreja não adoram e cultuam Maria, já que receberam o expresso mandamento de adorar unicamente ao Pai e ao Filho (Lucas 4:8, Mateus 14:33).

 

Maria foi escolhida antes de nascer

Maria foi preordenada – ou seja, escolhida antes de nascer (tal como o profeta Jeremias, ver Jeremias 1:5). Alguns profetas que viveram muitos anos antes dela vir ao mundo, viram que a mãe de Seu Redentor se chamaria Maria (Mosias 3:8, Alma 7:10). Néfi, um jovem profeta do Livro de Mórmon, aprendeu através de um anjo o quanto Deus ama seus filhos, ao ver Maria e Seu Senhor:

E aconteceu que olhei e vi a grande cidade de Jerusalém e também outras cidades. E vi a cidade de Nazaré; e na cidade de Nazaré vi uma virgem que era extremamente formosa e branca.

E aconteceu que vi os céus se abrirem; e um anjo desceu e, pondo-se na minha frente, disse: Néfi, que vês tu? E eu respondi: Uma virgem mais bela e formosa que todas as outras virgens.

E disse-me ele: Conheces tu a condescendência de Deus? E disse-lhe eu: Sei que ele ama seus filhos; não conheço, no entanto, o significado de todas as coisas.

 E disse-me ele: Eis que a virgem que vês é a mãe do Filho de Deus, segundo a carne. E aconteceu que eu a vi ser arrebatada no Espírito. E depois de haver sido ela arrebatada no Espírito por um certo espaço de tempo, o anjo falou-me, dizendo: Olha! E eu olhei e tornei a ver a virgem carregando uma criança nos braços. E disse-me o anjo: Eis o Cordeiro de Deus, sim, o Filho do Pai Eterno! (1 Néfi 11:13-21)

 

Maria foi escolhida por Deus

Maria era uma mulher israelita da tribo de Judá, cuja ancestralidade esta registrada no Novo Testamento. Ela era uma mulher jovem, que estava noiva de José. Ela certamente conhecia as profecias relativas ao Messias, e guardava a Lei de Moisés. Sua obediência na Terra confirmou sua vocação pré-mortal, e ela foi achada digna de cumprir a profecia feita no Jardim do Éden, de que a Semente da Mulher feriria a cabeça da serpente, ou, em outras palavras, o Único Ser nascido apenas de uma mulher venceria Satanás [1].

Maria reconheceu, em parte, a grandiosidade de seu chamado, ao receber a visita do Anjo Gabriel: ao ouvir “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres”, ela “perturbou-se muito com suas palavras”(Lucas 1:28-29). O anjo disse a Maria para não temer e explicou que ela fora escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo. Disse que ela permaneceria virgem “porque para Deus nada [é] impossível” (Lucas 1:37). Maria se submeteu a vontade do Senhor com coragem e fé, dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38).

Quando Maria visitou sua prima, que também milagrosamente engravidara, proclamou um dos mais belos Salmos das escrituras [2], expressando sua gratidão e admiração ao Senhor.

 

A Santa Virgem – Louvar, mas não Adorar.

Quando jovem, Jesus Cristo cresceu “em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”, educado pelo amor e preocupação de Sua mãe, Maria, e do marido dela, José. Maria percebeu claramente que Jesus era uma criança excepcional, mas sabiamente guardava tudo em seu coração (Lucas 2:19).

Maria estava presente no casamento que Jesus transformou a água em vinho (João 2) e é provavel que ela tenha estado com o filho em outras ocasiões importantes. Ela estava com Ele na agonizante cruz do Calvário (João 19:26).

Maria é santa, tal como Eva, Sara, Rute, Ester, Saria, Isabel, Emma – e tantas outras mulheres mencionadas nas escrituras. Ela é santa, pois, embora não fosse perfeita, procurava guardar os mandamentos de Deus e viver de modo a desfrutar do Espírito Santo. Diferente, porém, de todas as santas mulheres, Maria foi escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo. Isso lhe dá um papel muito peculiar no Plano Eterno – mas não a torna passível de adoração.

Nós, santos dos últimos dias, louvamos, mas não adoramos Maria. Reconhecemos que ela é vital no Plano Eterno, mas não a consideramos nossa intercessora junto ao Pai. Fomos exortados a adorar somente ao Pai e ao Filho, e a ninguém mais (Êxodo 20:1-6, Josué 24:15, Lucas 4:8), por mais que tenham obras louváveis e papéis-chave no Plano de Salvação. Oramos apenas a Deus o Pai.

 

Nosso respeito por Maria.

Nosso respeito e admiração por Maria são enormes. Jesus nasceu como todos nós, com exceção de que era Filho do Pai. Isso significa que Jesus passou pelo véu do esquecimento, e precisou ser ensinado por seu pais mortais.

Maria teve um parto na mais extrema situação, como a história da natividade nos mostra (Lucas 2). Ela e José tiveram que fugir de Herodes e morar um tempo no Egito. Provavelmente enfrearam desafios financeiros e de outros tipos. Sua coragem frente aos desafios e sua determinação de cumprir os mandamentos transmitiram um legado de fé ao pequeno Jesus.

Alguns livros apócrifos indicam que Maria tinha doze anos quando José, um viúvo a desposou – e que ela permaneceu sempre virgem. Mas os santos dos últimos dias não creem em nada disso. Sabemos que Maria era jovem, mas cremos que ela não era uma criança quando ficou noiva, tanto que ela já conhecia muito das profecias e entendia consideravelmente a lei de seu povo. As próprias escrituras mencionam que Jesus teve irmãos e irmãs (Marcos 6:3, Mateus 13:55-56). Assim, Maria não permaneceu para sempre virgem. Ela teve outros filhos depois do Salvador, inclusive Tiago, que escreveu o livro de Tiago no Novo Testamento [3]. Esse filhos eram filhos de José, e eram, portanto, meio-irmãos do Senhor.

Acreditar que Maria teve outros filhos, e que não é uma intercessora junto ao Pai, não desqualifica sua missão e importância – mas certamente freia o exagero que a transforma em algo que ela não foi, não é, e nunca pretendeu ser – uma substituta ou concorrente de Cristo.

É preciso salientar, todavia, que respeitamos as pessoas que acreditam em Maria como “padroeira” ou “deusa”, embora não compartilhemos dessa crença.

 

Conclusão.

O papel de Maria é singular. Sem ela Cristo provavelmente não estaria preparado adequadamente para seu ministério e consequente ato expiatório. Ela é um modelo de virtude e fé, que deve ser seguido – mas não é uma redentora e não salva ou abençoa. Apenas Cristo o faz, e Nele, ela e nós achamos alegria eterna.

 

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Confira um vídeo, produzido pela Igreja, sobre Maria, que resume sua vida e exemplo:

Outros vídeos da Bíblia você encontra aqui.

 

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NOTAS

[1] O Élder James E. Talmage escreveu: “Adão, o patriarca da raça, regozijou-se com a certeza do ministério do Salvador, pela aceitação de que ele, o transgressor, poderia ser redimido. Uma breve referência do plano de salvação, cujo autor é Jesus Cristo, aparece na promessa feita por Deus após a queda—que, embora o diabo, representado no Éden pela serpente, tivesse poder para ferir o calcanhar da posteridade de Adão, por meio da semente da mulher viria o poder para esmagar a cabeça do adversário. É significativo que esta certeza da vitória final sobre o pecado e seu efeito inevitável, a morte, ambos introduzidos na Terra por Satanás, o arquiinimigo da humanidade, deveria ser realizada por meio da semente da mulher; a promessa não foi feita especificamente ao homem nem ao casal. O único exemplo de semente de mulher dissociado de paternidade mortal é o nascimento de Jesus, o Cristo, que era Filho terreno de uma mãe mortal, gerado por um Pai imortal, Filho terreno de uma mãe mortal, gerado por um Pai imortal. Ele é o Unigênito do Pai Eterno na carne e nasceu de mulher”. (Jesus, o Cristo, 3ª ed., 1916, p. 43.)

[2] As belas palavras de Maria se tornaram até hino em algumas igrejas cristãs. Confira, Lucas 1:46-55:

A minha alma engrandece ao Senhor,

E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador;

Porque atentou para a humildade de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada;

Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e santo é o seu nome.

E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.

Com o seu braço agiu valorosamente; dispersou os que tinham pensamentos soberbos no coração.

Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.

Encheu de bens os famintos, e despediu de mãos vazias os ricos.

Auxiliou Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia;

 Como falou a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade, para sempre.

[3] “O autor [da] epístola foi Tiago, o Justo, que era irmão de Jesus e bispo da Igreja em Jerusalém. (Ver Guia para Estudo das Escrituras “Tiago, Irmão do Senhor”, p. 208.) Tiago teve o privilégio de ver o Senhor após a ressurreição. (Ver I Coríntios 15:7.) Ele foi fiel ao evangelho durante toda a vida. Segundo a tradição, acredita-se que tenha sido executado por volta do ano 63 d. C., por pessoas que exigiram que negasse a fé. Acredita-se que essa epístola tenha sido escrita por volta do ano 50 d. C.

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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