O que os jornais de 1800 disseram sobre a morte de Joseph Smith?

Muitos membros da Igreja conhecem os eventos relacionados a morte do Profeta Joseph Smith e seu irmão Hyrum, mas, o que muitos talvez não conheçam são as notícias sobre os assassinatos que foram manchete em todo o país, de Arkansas até Connecticut, de Flórida até Maine. Mesmo muitas pessoas não acreditando que Joseph era um profeta, a maior parte da mídia condenou aquele ato de assassinato como um escândalo.

Ao lembrar do aniversário deste trágico momento na história mórmon, aqui estão algumas das reações dos jornais americanos:

O The New York Sun relatou: “Isso não é algo pequeno, meio a confusão do século dezenove, um homem ter uma nova revelação, fundar uma nova religião, estabelecer novas formas de adoração, construir uma cidade com novas leis, instituições e ordens de arquitetura, por estabelecer de forma eclesiástica uma jurisdição civil e militar, fundar faculdades, enviar missionários para realizar proselitismo em dois hemisférios, no entanto tudo isso foi realizado por Joe Smith, mesmo com todos os tipos de oposição e de ridícula perseguição.”

O New York Weekly Herald acrescentou: “Assim morreu o Profeta da América, pelas mãos de um assassino, através de intensa perseguição, através da comunidade Carthage e Nauvoo. Mesmo além do Missisipi, ele era um admirado e respeitado profeta e legislador.”

Entretanto, como em qualquer evento na mídia, há muitas versões de uma mesma história. De fato, o artigo publicado em Herald of Freedom disse: “. . .Porém, eu não acredito de maneira alguma nas histórias contados sobre ele através da imprensa política e religiosa. Eles contam como se fossem histórias péssimas sobre os abolicionistas assim como fazem com o Smith. Eles não tem direito a qualquer crédito. Quanto aos mórmons, eu diria que mesmo não sabendo nada sobre sua religião ou caráter me aventuro a supor que ambos eram melhores—ou pelo menos tão bons, quanto os que os mataram.

Havia diversos jornais, incluindo é claro, o Times and Seasons e o Nauvoo Neighbor, que também se posicionaram de maneira favorável a Joseph Smith. Falando sobre o processo de funeral, o Times and Seasons relatou: “Foi um vasto conjunto entre 8 a 10 mil pessoas, que como uma só voz confiaram na lei como remédio para este assassinato premeditado, e quando a lei falhou, juntos, clamaram a Deus para que vingasse os nossos erros! Ó viúvas e órfãos! Ó americanos, que choram pela glória da liberdade que foi esquecida!”

Uma parte impressa em Daily Evening Transcript em Boston, Massachusetts, pareceu reforçar a profecia concedida a Joseph Smith pelo anjo Morôni, que seu nome seria amado e odiado pelo mundo:

“Joe Smith está morto. Ele foi um dos mais marcantes homens desta era. A hora de escrever sua história ainda não chegou. Homens que o conheceram por um longo tempo, diferem na descrição de seu caráter; os historiadores futuros poderão comparar as declarações contraditórias entre seus amigos e inimigos e apresentá-lo em sua verdadeira posição e as maneiras pelas quais cada homem decidiu fazer dele um amigo ou inimigo, independentemente de seus princípios e conduta. Milhares que se aproximaram dele estavam tão completamente angustiados com seu jeito, que se recusaram a olhar todo o bem que ele chamava ter feito. Apesar disso, ele foi um homem marcante que deixou sua marca como gênio na época que viveu, tendo escupido um capítulo da história desse país, e seu nome será lembrado, por bem ou por mal, enquanto a metade dos nomes dos legisladores de sua época serão esquecidos.

“Ele foi um homem de coragem genuína, que teria lutado até o último momento de sua vida. Ele foi perseguido por uma turba de trezentos demônios furiosos que cruelmente atiraram nele como se fosse uma fera selvagem, quando estava confinado em um pequeno quarto onde não poderia escapar. Foi um glorioso fim para ele. Não importando o mal que havia em seu coração, será esqueci devido a sua morte. Ele será elogiado por seus discípulos e adorado como um Deus. O tempo e a distância irão embelezar sua vida com novas e raras virtudes, com poder além do desta terra; suas doutrinas florescerão, sua influência irá se estender além desta época, aos que ainda não nasceram, e as gerações futuras irão comemorar seu nascimento e morte com festivais públicos, orações públicas e com uma devoção ilimitada.”

As notícias foram divulgadas até mesmo na Europa. O jornal Portland Transcript  compartilhou parte da história impressa no jornal Liverpool Mercury: “As cenas que ocorreram na Pensilvânia e em Illinois desonraram a nação de selvagens. Nos questionamos se há registro de algo mais sanguinário que os motins na Filadélfia  ou o massacre do líder Mórmon e  seu irmão, na prisão de Carthage.”

OPINIÕES CONTRÁRIAS SOBRE A MORTE DO PROFETA

De forma contrária, alguns jornais como o  Jonesborough Whig, apoiaram as ações da turba, elogiando os assassinos como uma vitória:”Em alguns dos jornais públicos do país, lamentamos ao ver, concernente a morte do maldito e blasfemo Joe Smith, o profea mórmon. Nosso julgamento é que, ele deveria ter sido morto há 10 anos atrás, e que aqueles que o privaram de viver, realizaram a obra de Deus, por esse país, um bom serviço.

O Reverendo Brownlow não escondeu seu entusiasmo quando concluiu que: “Smith foi morto, como deveria ter sido. TRÊS VIVAS para o corajoso grupo que atirou nele e o fez em pedaços!”

The New York Herald foi tão longe a ponto de dizer: “A morte do Maomé moderno selará a crença do Mormonismo. Eles não conseguirão outro Joe Smith. A cidade santa deve cair em ruínas, e os “santos dos últimos dias” estão chegando aos seus últimos dias. Outros também falaram contra Joseph, chamando de “o fim de alguém que realmente merecia, que sem dúvida, enganou e enredou muitos a suas ruínas” clamando que ele deveria ser lembrado por suas “obras de trevas.”

Outro ainda permaneceram em posição neutra, negando Joseph como um profeta, mas falando contra sua morte de maneira justa: “Provavelmente nunca saberemos quem atirou em Joseph e Hyrum Smith—mas seus assassinos de sangue frio, neste ato covarde, encontrarão desgraça.Eles quebraram as leis do próprio Governo—trazendo desgraça para eles e para o Estado que eles pertencem. Eles se sujaram com sangue e isso sempre será lamentado” (Quincy Herald).

O The Lee County Democrat em Iowa, acrescentou, “O assassinato de Jo Smith e seu irmão causaram profundos sentimentos de pesar no peito de todas as pessoas de bem que respeitam as leis; que vêem essa atitude como um cruel e covarde assassinato a sangue frio. Que Jo e seu irmão eram culpados de atos que requeriam a aplicação da lei, eles sabiam, porém, após eles voluntariamente terem se rendido a justiça, seguros que receberiam a proteção do Governador Ford de toda a violência, eles deveriam ser protegidos de todo perigo e de todos seus inimigos.”

Estes são apenas alguns das dezenas de comentários realizados sobre a morte do Profeta e de seu irmão Hyrum, que mostram a vasta influência do evangelho de Jesus Cristo, restaurado por Joseph Smith, que continua a existir no mundo todo. Mesmo a Igreja possuindo um pequeno número de membros e sendo um fato que a maioria das pessoas não acreditou que Joseph Smith era um profeta, muitas pessoas conheceram quem eram os Santos dos Últimos Dias, e acreditaram que a morte de Joseph e Hyrum não foi justa.

Concluímos com a descrição dos Santos dos Últimos Dias, escrita pelo Elder John Taylor e registrada em D&C 135, versículo 3:

“Joseph Smith, o Profeta e Vidente do Senhor, com exceção apenas de Jesus, fez mais pela salvação dos homens neste mundo do que qualquer outro homem que jamais viveu nele. No curto espaço de vinte anos trouxe à luz o Livro de Mórmon, que traduziu pelo dom e poder de Deus, e foi o instrumento de sua publicação em dois continentes; enviou a plenitude do evangelho eterno, que o livro continha, aos quatro cantos da Terra; trouxe à luz as revelações e mandamentos que compõem este livro de Doutrina e Convênios e muitos outros sábios documentos e instruções para o benefício dos filhos dos homens; reuniu muitos milhares de santos dos últimos dias, fundou uma grande cidade e deixou fama e nome que não podem ser destruídos. Viveu grandiosamente e morreu grandiosamente aos olhos de Deus e de seu povo; e como a maior parte dos ungidos do Senhor na antiguidade, selou sua missão e suas obras com o próprio sangue; o mesmo fez seu irmão Hyrum. Em vida não foram divididos e na morte não foram separados!”

Artigo publicado originalmente em LDS Living e traduzido e adaptado para português por Viccenzo Benatti