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Eu Sou Filha de Lésbicas, e Tenho Orgulho de Ser Mórmon

Templo

Imagem via Wikimedia Commons/Splorticus.

Por Brandi Walton

Hoje meu coração está partido. Não porque a minha igreja decidiu fazer com que filhos de casais homossexuais esperem até que tenham dezoito anos para serem batizados, mas porque muitos de meus irmãos e irmãs estão lutando com a decisão, alguns até mesmo indo tão longe a ponto de dizer que a decisão destruiu seu testemunho da veracidade da igreja.

Fui criada em um lar homossexual desde o tempo em que eu tinha três anos até os dezoito anos. Eu tive a sorte de ter uma mãe que me permitiu ir à igreja e me levaria para praticamente qualquer uma que eu desejasse ir. Em alguns aspectos, ela me levou à minha eventual descoberta e aceitação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, porque ela sempre me incentivou a fazer perguntas, e a não acreditar em algo somente porque alguém me disse que era verdade. Ela também me disse para ser cética em relação as pessoas, e de certa forma, isso pavimentou o caminho para eu saber como receber revelação pessoal e compreender a sua importância.

Quando eu soube ontem à noite da decisão da Igreja para com os filhos de gays, eu estava inicialmente desacreditando. Desde que entrei para a Igreja muitas vezes tenho pensado sobre o que minha vida poderia ter sido se eu tivesse começado quando era ainda criança, e os efeitos que ela poderia ter tido sobre as decisões que eu fiz na adolescência. Eu não posso dizer com certeza que minha mãe teria me deixado ser batizada em primeiro lugar, mas eu sinto que ela não teria me impedido de comparecer.

Uma coisa que poucas pessoas entendem é que a Igreja em geral é uma das mais aconchegantes e compreensivas igrejas que existe quando se trata de homossexualidade. Quando fui batizada numa igreja batista aos treze anos de idade minha mãe não podia participar porque ela se sentia tão desconfortável, e ainda quando minha filha mais velha foi batizada ambos os meus pais participaram, e eles participaram de outras funções, como festas na igreja. E é fato, os ensinamentos da Igreja sobre o julgamento de homossexuais no julgamento final é uma das razões pelas quais eu pesquisei mais sobre a igreja, em primeiro lugar.

E assim, quando eu li sobre a decisão da Igreja, eu imediatamente comecei a querer saber o porquê. Até agora isso nunca falhou comigo porque eu acredito que o Pai Celestial quer nos fazer entender o porque das coisas serem do jeito que são enquanto formos capazes de compreendê-las. Eu nunca duvidei que a decisão não era de origem divina e quanto mais eu pensava, mais pensamentos e impressões começaram a vir a mim.

Em primeiro lugar, é imperativo que uma criança entenda as doutrinas da Igreja e compreenda o verdadeiro significado do casamento. Crescer em um lar homossexual pode ser muito confuso para algumas crianças e é difícil conciliar os estatutos do Pai Celestial com o exemplo que se vê em casa.

Em segundo lugar, ter de escolher entre nossa família e outra coisa é excruciante. Me senti dividida entre as minhas crenças e as escolhas das minhas mães muitas vezes em minha infância. Eu cheguei a discordar do modo que fui criada e do casamento homossexual, e isso foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Eu não consigo imaginar o que seria para uma criança ter de sentar na sala do bispo e discordar do casamento ou dos relacionamentos de seus pais. Esperar que as crianças esperem até terem dezoito anos tira esse grande fardo dos ombros das crianças e assegura que os filhos estejam em um ponto em suas vidas em que eles poderão tomar decisões eternas com maior entendimento.

Estas crianças não estão esquecidas. Olhando pro passado, eu vejo as muitas vezes em que Deus estava me levando e guiando, e eventualmente me trazendo a ponto de poder fazer convênios no templo. Ele estava ao meu lado o tempo todo. Como membros da Igreja é nosso privilégio de amar essas crianças e apoiá-las o melhor que pudermos. Para mostrar-lhes que o Salvador as ama e para lembrar que todas as bênçãos que o Senhor tem são delas, e um dia serão concedidas a elas, mesmo que não no momento presente. Os membros serão aqueles que tornarão o tempo até o seu batismo algo doce e uma bênção em sua vida.

Não vamos assumir, como mortais, que sabemos mais sobre o que é melhor para os filhos de Deus do que Ele, e é minha oração que todos busquemos um testemunho que essa decisão veio do Pai Celestial e cumpre um propósito divino, mesmo que não possamos compreender plenamente qual é o propósito de tudo.

Irmã Walton vive em Oklahoma, onde ela nasceu e foi criada. Ela e seu marido maravilhoso Matt têm quatro filhos, com um quinto a caminho, e um velho cão preguiçoso.

 

Artigo original em mormonwomenstand.com. Traduzido por Esdras Kutomi.

| Para refletir
Publicado por: Esdras Kutomi
Formado em SI, mórmon, gosta de RPG e Star Wars, lê artigos científicos por diversão, e se diverte mais com crianças ou idosos do que com pessoas de sua idade.
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