5 Dicas Para uma Melhor Parceria no Casamento

Há alguns anos, um líder muito inspirado proferiu um serão maravilhoso aos portadores do Sacerdócio de nossa Ala, cujo tema tratava da importância de o casal trabalhar em equipe em todos os aspectos de um casamento. A maioria do público presente concordou com quase todos os argumentos levantados pelo discursante, mas de repente surgiu um visível desconforto entre a maior parte do público. Foi quando o assunto tocou no seguinte ponto: “por que os maridos devem ajudar nos afazeres domésticos”. A grande maioria não aceitou muito bem a ideia de que cuidar da casa e dos filhos é uma responsabilidade tanto da esposa quanto do marido, já que ainda vivemos uma forte cultura de que trabalho doméstico é exclusividade da mulher.

Não se preocupe, porque não estou aqui para defender quem deve ou não ser responsável pela organização da casa, até porque muitas mulheres se sentem confortáveis em cumprir sozinhas as tarefas domésticas. Na verdade, eu admiro muito essas mulheres. Mas quis entrar nesse assunto, porque quase todas as mulheres que ficaram a par do que disse o líder reclamaram que seus maridos não as ajudavam, e ficaram ainda mais indignadas quando seus companheiros acharam ruim o líder prezar pelo trabalho mútuo no lar, já que muitos maridos se recusavam terminantemente a varrer uma casa, lavar uma louça ou trocar uma fralda. Segundo eles, “o trabalho deles é trazer comida para dentro de casa, e o delas e deixar tudo nos trinques”.

Parceiros iguais

Gostaria agora de analisar o assunto por um prisma mais espiritual e eterno. Muitos casais expõem um belo quadro com o folheto “A Família: Proclamação ao Mundo”. Mas será que todos realmente já ponderaram seu conteúdo? Quero me ater neste artigo ao seguinte trecho: “Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los. A responsabilidade primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação de ajudar-se mutuamente, como parceiros iguais” [1].

Embora uma equivocada ideia popular responsabiliza Eva pela cultura da submissão feminina, o Evangelho Restaurado deixa muito claro que Eva não foi culpada de nenhum delito, mas em PARCERIA com Adão, trouxe o progresso eterno à humanidade [2]. Adão e Eva também pretendiam ensinar outra grande lição para a humanidade, que ainda não foi muito bem fixada na consciência de muitos. Essa lição é um dos grandes desafios do casamento: entender o que de fato significa ser parceiro do cônjuge.

Como bem sabemos, não é à toa que o Senhor considera o casamento a instituição mais sagrada que existe. Sobre isso o Elder Russel M. Nelson deixou muito claro que “nenhum homem nesta Igreja pode alcançar o grau mais elevado de glória celeste sem uma mulher digna selada a ele” [3]. Apesar de a salvação ser responsabilidade individual, a exaltação por outro lado, não pode ser alcançada se o casamento não estiver estabelecido dentro dos convênios sagrados do Templo. É principalmente no lar que o casal aprenderá a desenvolver a parceria que vai perdurar pela eternidade.

Gostaria agora de pontuar 5 itens que merecem atenção e mudanças e que podem fazer a diferença no aperfeiçoamento de sua relação com seu cônjuge, e ajudará a deixá-los de mãos dadas, como parceiros iguais, para atingir metas eternas:

1. Comunicação aberta

Faça um esforço para que seu marido ou sua esposa seja mais do que meramente o pai ou a mãe de seus filhos. Procure enxergá-lo(a) também como melhor amigo(a), eterno(a) namorado(a), psicólogo(a), enfim, você são uma só carne, então tudo o que você é, faz ou precisa deve fazer parte da sua outra metade também. Virtudes como lealdade, fidelidade e honestidade são essenciais para um casamento sólido.

2. Trabalhar em equipe com objetivos comuns

Esse é um dos grandes desafios do casamento, já que o trabalho de um casal é para sempre e os integrantes são compostos de pessoas essencialmente distintas (homem e mulher) e ainda trazem consigo tradições construídas em culturas, famílias e ambientes diferentes. Por isso é necessário um esforço mútuo para que o trabalho seja bem sucedido. Embora cada um tenha objetivos individuais, é fundamental que o casal se reúna regularmente para tratar de assuntos de âmbito familiar, como criação dos filhos, administração financeira e outras questões que envolvem a família e o andamento da relação. É importante que o casal entre em acordo sobre esses pontos e depois trabalhe em união para focar nos objetivos, mudando o que precisa ser mudado e aperfeiçoando o que já está no caminho.

3. Intimidade saudável

Um dos momentos em que, de fato, o homem e a mulher se tornam uma só carne é na intimidade. O Élder Jeffrey R. Holland disse que “(…) a intimidade física é para casais casados, pois este é o símbolo supremo da união total, uma união ordenada e definida por Deus” [4]. Será que há uma boa parceria entre os cônjuges se um ou ambos fizerem algo que magoe o outro ou quebre a confiança que deve haver entre eles? Converse com seu cônjuge abertamente sobre o que agrada e desagrada nos momentos de intimidade, e jamais degrade os padrões estabelecidos por Deus nem mesmo nesses momentos. Enxergue seu parceiro, seu cônjuge, como uma parte de você, que merece e precisa de tanto respeito, amor e felicidade quanto você.

4. Uso sábio do dinheiro

Muitas pessoas não percebem, ou mesmo não acreditam, que um dos grandes problemas do casamento está na má administração financeira. O especialista em finanças e autor de vários best-sellers sobre administração financeira Gustavo Cerbasi aponta em seu livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos os problemas com o dinheiro como a raiz de muitos outros. Isso porque, segundo o autor, é comum o verdadeiro motivo para as crises (dinheiro) estar oculto por trás do que se apresenta como negligência, desleixo ou falta de romantismo, por exemplo: “O grande charme do dinheiro está no fato de ele raramente se mostrar como o vilão da história. Se não há dinheiro para um jantar romântico, o problema é percebido como falta de romantismo; se não há dinheiro para renovar o guarda-roupa, o problema é percebido como desleixo; se não há dinheiro para levar as crianças ao parque, o problema é percebido como falta de carinho.

Essas situações encobrem um erro comum: a inabilidade em lidar com o dinheiro ou em torná-lo suficiente” [5]. Claro que nem sempre é no dinheiro que mora o problema, mas é importante que o casal procure dialogar regularmente sobre essa questão, especialmente em épocas de crise. Afinal, quase tudo o que envolve desenvolvimento familiar tem relação com as finanças. Educação, saúde, locomoção, alimentação, enfim, praticamente todas as necessidades básicas do ser humano requerem dinheiro, e a carência em alguma(s) desses setores podem gerar estresse e consequentemente uma crise no casamento. Se for necessário fazer cortes e ajustes no orçamento, que o casal trabalhe junto para definir tais questões.

5. Interdepêndencia

Mais uma vez, não estou aqui para dizer quem deve ser o provedor do lar, ou se a mulher deve trabalhar fora ou ficar em casa, ou ainda se a mulher deve fazer o trabalho de casa sozinha ou se o marido deve ajudar. Estou aqui para dizer que é importante que o casal entre em um acordo a respeito disso tudo e estejam ambos prontos para ajudar o cônjuge caso precise. Como citado anteriormente, o trecho de “A família: Proclamação ao Mundo” nos dá uma direção a respeito, o pai deve PRESIDIR a família, esse é o trabalho mais importante para ele desempenhar, e o dever mais importante da mãe é CUIDAR dos filhos. No entanto, o trabalho requer ajuda mútua, uma parceria. Em 2007, li um artigo fantástico, que mudou o conceito que eu tinha a respeito do trabalho de marido e mulher. Francamente, eu ainda me debatia com o dilema “dona-de-casa submissa” e “mulher independente”.

Até então, eu não tinha conseguido encontrar um meio termo. Nesse artigo, o Élder Bruce Hafen apresenta um cenário de um casal hipotético, cujo marido foi ensinado que a mulher deve ser totalmente dependente e submissa a ele, servindo-lhe sem questionar e reclamar, ao contrário, sempre com um sorriso no rosto. Já a mulher foi ensinada a ser completamente independente, buscando sua realização pessoal e profissional acima de qualquer coisa. É de se presumir que esse casal teria muita discussão ao longo de sua vida de casado, não é mesmo? Foi então, que o autor nos trouxe um panorama diferente, bem mais inserido no contexto do Evangelho: um casal em que ambos se ajudam mutuamente. Ele explica: “o evangelho restaurado ensina o conceito eterno de que o marido e a mulher são interdependentes entre si. São iguais.

São parceiros. (…) Se o marido e a mulher forem sábios, seu aconselhamento será recíproco: ele ouvirá a inspiração da bússola espiritual interior dela, da mesma forma que ela ouvirá os conselhos justos dele. Em um casamento de parceria, isto é, com responsabilidades iguais, ambos contribuem para a maturidade espiritual do casal, tanto o homem quanto a mulher. Ambos consideram a vida em família como seu trabalho mais importante. Cada um deles também se esforça para tornar-se um discípulo plenamente equilibrado de Jesus Cristo — um ser espiritual completo” [6].

Pondere de que forma você pode ajudar seu marido ou sua esposa tornando-se mutuamente parceiros nas suas necessidades. Ser um discípulo equilibrado em Cristo requer abnegação, especialmente com quem você passará a eternidade.

Fontes:

1. “A Família – Proclamação ao mundo”.
2. “A Queda de Adão e Eva”, A Liahona, junho de 2006.
3. “Salvação e Exaltação”, Conferência Geral, abril de 2008.
4. “Pureza Pessoal”, Conferência Geral, outubro de 1998.
5. Casais Inteligente Enriquecem Juntos, Gustavo Cerbasi.
6. “Interagir e Ser Parceiros com Responsabilidades Iguais”, A Liahona, agosto de 2007.