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O Propósito das Catástrofes

Policial perto de destroços em 17 de Abril de 2016, na cidade de Pedernales, Equador

Catástrofe é todo acontecimento lastimoso, adverso, funesto, infeliz e aterrador. Aqui utilizo essa palavra de forma ampla afim de abranger todo infortúnio, teste e desgraça que o homem enfrentou ou venha enfrentar na mortalidade.

A perspectiva ampla que o evangelho de Jesus Cristo concede pode elevar o penitente a ponto de fazê-lo não sofrer com catástrofes e adversidades, encarando-as como bênçãos de Deus (I Pedro 3:14, 2 Timóteo 2:10). Quando digo não sofrer, não quero dizer ser poupado – mas sim, adquirir forças para suportar bem, não murmurar, ter coragem otimismo, esperança e alegria. Quando eu digo que o fiel pode ver as catástrofes como bênçãos de Deus não significa alienar-se da realidade ou desprezar o sofrimento alheio, ignorando sua extensão e profundidade. Significa desenvolver uma confiança em Deus a tal ponto de entender que há um propósito em tudo, inclusive na dor – e que, tal como disse o Presidente Brigham Young, “somos um povo felicíssimo quando temos o que chamamos de provações, pois nessas condições o Espírito de Deus é mais abundantemente derramado sobre os fiéis.” (Discursos de Brigham Young (DBY), p. 347).

O Élder Orson F. Whitney disse: “Nenhuma dor que sofremos, nenhuma provação por que passamos será em vão. (…) Tudo o que sofremos e tudo o que suportamos, particularmente se o fizermos com paciência, edifica nosso caráter, purifica-nos o coração, expande nossa alma e nos torna mais ternos e caridosos, (…) e é por meio da dor e do sofrimento, do trabalho árduo e da tribulação, que obtemos a educação que aqui viemos receber” (citado em Faith Precedes the Miracle, 1972, pg. 98.)

O Presidente Young também disse: ” Poderíamos dizer que passamos por inúmeras experiências em que houve tribulações; contudo, quero que todos os meus irmãos entendam que isso não se aplica a mim, pois tudo por que tenho passado é felicidade para mim. No entanto, aparentemente temos sacrificado muitas coisas e não há dúvida de que passamos por muitos momentos de tribulações e tentações. Tivemos que sofrer tentações, em maior ou menor grau, e aceitamos alegremente a espoliação de nossos bens. Eu mesmo abandonei, cinco vezes antes de vir a este vale, tudo com o que o Senhor me havia abençoado em termos de bens deste mundo, que não eram de pouca monta, considerando-se o local onde eu morava.” (DBY, 347–48).

“Quanto às provações, o homem ou mulher que desfruta do espírito de nossa religião não as tem; mas aqueles que tentam viver de acordo com o evangelho de Filho de Deus, e ao mesmo tempo apegam-se ao espírito deste mundo, sofrem continuamente de provações e tristezas agudas e dolorosas. Lancem fora o jugo do inimigo e sujeitem-se ao jugo de Cristo. Fazendo isso, poderão dizer que Seu jugo é suave e Seu fardo, leve. Sei disso por experiência própria.” (DBY, pp. 347–348)

O Élder Paul F. Johnson disse: “Em meio aos problemas, é quase impossível ver que as bênçãos reservadas são muito maiores do que a dor, a humilhação e o sofrimento que estamos vivenciando no momento. “Toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hebreus 12:11). O Apóstolo Paulo ensinou: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”(II Coríntios 4:17). É interessante notar que Paulo usa o termo “leve tribulação”. Isso foi dito por alguém que tinha sido espancado, apedrejado, que sofreu um naufrágio, foi aprisionado e sofreu muitas outras provações (II Coríntios 11:23-28) Duvido que muitos de nós rotulariam nossas tribulações de leves. Mas em comparação às bênçãos e ao crescimento pessoal que teremos no final, tanto nesta vida quanto na eternidade, nossas aflições são verdadeiramente leves.

Não buscamos testes, problemas nem tribulações. Nossa jornada pessoal pela vida vai prover-nos a medida certa para nossas necessidades. Muitas provações são apenas uma parte natural de nossa existência mortal, mas desempenham um papel muito importante em nosso progresso.

Nosso Pai Celestial nos ama, e “[sabemos] que aqueles que confiarem em Deus serão auxiliados em suas tribulações e em suas dificuldades e em suas aflições; e serão elevados no último dia” (Alma 36:3). Um dia, quando chegarmos ao outro lado do véu, não queremos apenas que alguém nos diga: “Bem, está terminado”. Em vez disso, queremos que o Senhor diga: “Bem está, servo bom e fiel” (Mateus 25:21).” (“Mais do que vencedores, por Aquele que nos amou”, Conferência Geral, Abril de 2011, Sessão da Manhã de Domingo)

Como exposto nas citações acima, os justos nem sempre são poupados das consequências maléficas de acidentes, guerras, tragédias e maldade. Contudo, o Senhor disse “que aqueles que morrerem em mim não provarão a morte, porque lhes será doce”. E também disse que todas as coisas contribuirão para o nosso bem (D&C 90:24), e que todas as provas nos servem de experiência e são para o teu bem (D&C 122:7).

Assim, ainda que choremos sinceramente a perda ou morte dos justos em destruições, devemos nos alegrar e exultar na esperança e até receber uma confirmação celestial e saber “segundo as promessas do Senhor, que eles serão elevados para habitar à mão direita de Deus, num estado de felicidade sem fim” (Alma 28:12).

Há dois motivos básicos de se haver catástrofes na Terra. Primeiro, tragédias e calamidades ocorrem porque este estado mortal é um tempo de provação. Segundo, flagelos e desastres são consequências das iniquidades dos homens.

Embora seja mais comum nas escrituras vermos exemplos de catástrofes provocadas pelo mal uso do arbítrio do homem (alguns exemplos: Gênesis 11:1-8; Gênesis 13:13, 18:20-33, 19:24-25; Números 16 e Salmos 106:16-17; 1 Néfi 1:13, 18-20, 2 Néfi 1:4, 13:8, Helamã 8:21; Alma 10:20-23, 16:9-10) há ocasiões em que aprendemos que os justos e retos sofrem (Alma 60:13). Por exemplo: o povo fiel de Alma se tornou escravo (Mosias 23-24), Jó teve que passar por duros testes (Jó 1-2), os guerreiros de Helamã sofreram muitos ferimentos mesmo sendo obedientes (Alma 57:21-26), o Salvador Jesus Cristo não foi poupado – tendo a vida mais difícil de todas. Há muitos outros exemplo nas escrituras. Um deles, muito instrutivo é do homem que nasceu cego. Como os discípulos de Cristo pensavam que todo mal era fruto de uma consequência, perguntaram: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (João 9:2). O Senhor respondeu que nem o homem na vida pré-mortal, nem os pais na vida mortal haviam pecado, ” mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” (João 9:3).

As catástrofes também servem como um castigo de Deus, imputado pela Justiça Divina. O Senhor, todavia, não corrige seus filhos por vingança, e sim porque os ama (Hebreus 12:5-11, D&C 95:1).

Muitas vezes os profetas são inspirados a advertir o mundo antes que haja flagelos. Por exemplo, lemos que entre os jareditas “surgiram profetas na terra, clamando-lhes arrependimento – que deviam preparar o caminho do Senhor ou uma grande maldição cairia sobre a face da terra; sim, haveria uma grande fome pela qual seriam destruídos caso não se arrependessem” (Éter 9:28).

Os profetas atuais proclamaram: “Advertimos (…) que a desintegração da família fará recair sobre pessoas, comunidades e nações as calamidades preditas pelos profetas antigos e modernos.” (“A Família: Proclamação ao Mundo”, 8o parágrafo; www.lds.org/languages/proclamations/family/start_here_59.pdf).

Quais são as calamidades dos últimos dias? O Senhor e seus profetas levantaram a voz para profetizar que os últimos dias seriam um tempo de grandes catástrofes (D&C 45:31). As escrituras, quando falam dos últimos dias, frequentemente citam grandes adversidades.

“Pois em pouco tempo a Terra estremecerá e cambaleará de um lado para outro, como um homem embriagado; e o sol esconderá sua face e recusará sua luz; e a lua será banhada em sangue; e as estrelas tornar-se-ão muito zangadas e lançar-se-ão para baixo como o figo que cai de uma figueira. E depois de vosso testemunho vêm ira e indignação sobre o povo. Pois depois de vosso testemunho vem o testemunho de terremotos, que farão gemer a Terra em seu âmago; e homens cairão por terra e não poderão ficar de pé. E vem também o testemunho da voz de trovões e da voz de relâmpagos e da voz de tempestades e da voz das ondas do mar, arremessando-se além de seus limites. E todas as coisas estarão tumultuadas; e certamente o coração dos homens lhes falhará; pois o temor tomará conta de todos.” (D&C 88:87-91).

O Presidente Brigham Young disse: ” Tudo o que já ouvimos e tudo pelo que passamos são apenas um prefácio do sermão que será pregado. Quando os élderes deixarem de prestar testemunho, e o Senhor lhes disser: “Voltai para casa; pois doravante pregarei Meu próprio sermão às nações da Terra”, tudo o que já vimos mal poderá ser chamado de prefácio ao sermão que será pregado por meio de fogo, guerra, tempestades, terremotos, granizo, chuva, relâmpagos, trovões e terrível destruição. Que importa a destruição de uns poucos vagões de trem? Ouviremos falar de magníficas cidades, atualmente idolatradas pelos homens, que serão tragadas pela terra, sepultando seus habitantes. O mar se arremessará além de seus limites, engolfando grandes cidades em suas águas. A fome varrerá as nações, de modo que nação se levantará contra nação, reino contra reino, estado contra estado, tanto em nossa terra quanto em países estrangeiros; e destruir-se-ão mutuamente, pouco se importando com a vida e o derramamento de sangue de seus semelhantes, com suas famílias ou com a própria vida. (DBY, p. 111–112)

Com fé, esperança e amor podemos suportar todas as coisas – mesmo as catástrofes que formos chamados a enfrentar. Que desenvolvamos mais fé, esperança e amor, portanto.

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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