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Perdão de Acordo com a Ciência e a Religião

Mulher mórmon falando sobre perdão

O QUE É PERDÃO?

Cristãos acreditam no perdão como um grande requisito para viver uma vida de qualidade ao longo de séculos. Agora, um conjunto crescente de trabalhos da comunidade científica mostra que o perdão é integral na recuperação de tragédias.

Nos últimos tempos, exemplos públicos de concessão de perdão foram mostrados em vários meios de comunicação. Localmente, as famílias de UCSO Sgt. Cory Wride e Chris Williams perdoaram publicamente aqueles que foram responsáveis pelas mortes de seus entes queridos.

Estes exemplos, embora acompanhados de tragédia e de corações quebrados, mostra um retrato impressionante do perdão cristão: seguir o mandamento de perdoar e amar os inimigos por causa de nossa própria salvação. Os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, especialmente, têm mandamentos austeros para perdoar os infratores, sabendo que “aquele que não perdoa a seu irmão suas ofensas está em condenação diante do Senhor” e “é exigido que perdoeis a todos os homens”, como encontrado em D&C 64:9-10.

Mas é muito mais fácil falar do que fazer.

“Muitas vezes somos simplistas e simplesmente fazemos um aceno de mão e dizemos perdoe e deixe-o ir. Não é assim tão fácil. Isso quase sempre demanda esforço”, disse Dean Barley, Diretor da BYU Comprehensive Clinic, que oferece aconselhamento e serviços psicológicos para casais e famílias. “O que as pessoas percebem erroneamente como um evento isolado na verdade é um processo que engloba um conjunto de escolhas para se manter vivo”.

Em seu trabalho com sobreviventes de traumas sexuais, Barley utiliza uma definição de perdão dada pelo professor da Universidade de Wisconsin, conferencista e escritor sobre o perdão, Robert Enright.

De acordo com o livro

De acordo com o livro de Enright, “O perdão é uma escolha”, perdoar é determinar que alguém tenha sido tratado de forma injusta e, em seguida, “voluntariamente abandonar o ressentimento … do qual tenha direito, e esforçar-se por responder ao transgressor baseado no princípio moral da beneficência”.

Barley disse que este é um princípio importante para tornar o processo de perdão mais fácil. “Depois que se descobre o que o perdão é e não é, as pessoas muitas vezes estão mais dispostas a perdoar porque sentem que estão deixando alguém livre. Mas na realidade o que eles estão fazendo é deixando a si próprios livres.”

Ele disse que reconhece passos no processo do perdão. Estes passos não são apenas normais, mas essenciais, e as pessoas não devem desvalorizar os seus esforços, se regredirem ao terem sentimentos de raiva.

Em primeiro lugar, o que foi ofendido deve passar por um processo de descoberta. A pessoa percebe como a injustiça afetou sua vida reconhecendo que ela pode não ser mais a mesma depois do trauma, observando mecanismos de defesa desenvolvidos, reconhecendo que sentimentos de vergonha e raiva são naturais mas não incontroláveis, e desenvolvendo o desejo de resolver esse problema.

Em segundo lugar, o indivíduo toma a decisão de que ele perdoará o ofensor e se comprometerá a perdoar externamente. Barley disse que isso não precisa ser um show grandioso. Ele recomenda que aqueles que pretendem perdoar comprometam-se escrevendo num diário e com um confidente, talvez um profissional de saúde mental ou líder eclesiástico. Outra ferramenta que ele muitas vezes recomenda é escrever cartas que articulam os sentimentos e os desejos e, em seguida, deixe-as de lado, não as enviando.

Aprofundamento

Em terceiro lugar, entra-se uma fase de aprofundamento, onde o ofendido toma medidas para aprofundar o compromisso de perdoar o ofensor conectando-se a outras pessoas. Conectar-se com os outros ajuda o ofendido a saber que ele não está sozinho e que havia uma necessidade de perdoar os outros no passado. Esta fase beneficia o indivíduo com a consciência dos benefícios obtidos ao perdoar o ofensor.

Ele disse que as pessoas com dor crônica ou em posições de sofrimento muitas vezes são capazes de encontrar ideias benéficas quando procuram o que há de bom na situação, tal como uma maior autocompreensão, uma compreensão mais profunda de Deus e identificar quem são os verdadeiros amigos.

Amy Biehl

De acordo com Barley, a história de Amy Biehl é exemplo de empatia. Amy Biehl era uma estudante americana branca que trabalhou no movimento anti-Apartheid na África do Sul. Uma multidão de negros africanos invadiram seu carro a caminho de casa. Ela foi atingida na cabeça com um tijolo e esfaqueada até a morte. Quatro homens foram presos, condenados, mas acabaram perdoados com os pais de Amy endossando o perdão. Os pais de Biehl, eventualmente, conheceram e até contrataram os condenados pelo assassinato de sua filha.

“Eles (os pais de Amy) aprenderam que esses jovens eram em sua essência combatentes da liberdade e eles tinham sido ensinados desde pequenos que a melhor maneira de obter qualquer mudança por aqui é matar um colono, o que significa matar uma pessoa branca” Barley disse. “Para nós, o que parecia ser um ato de assassinato foi um ato de um combatente da liberdade. Uma vez que eles compreenderam essas pessoas e a opressão sobre a qual estavam, eles foram capazes de perdoar”.

Mas Barley adverte sobre o que as pessoas pensam ser os requisitos para o perdão, enfatizando que a justiça e a reconciliação não são requisitos para se obter os benefícios do perdão.

Simplificando

“Se Deus irá perdoá-los ou se eles vão receber a justiça ou não do sistema é irrelevante para a questão de eu perdoar”, disse ele. Ele disse isso mostrando diversos sistemas de justiça que simplificam o papel do ofendido, separando-o do julgamento do infrator e focando exclusivamente em si mesmo.

Reconciliação exige duas partes para “reparar” e fazer tentativas de um relacionamento normal. De acordo com Barley, isso é perigoso, especialmente para sobreviventes de abuso sexual ou outro trauma maciço, como o assassinato de um ente querido. O perdão é um processo que pode acontecer, independentemente do que o agressor faz e não está ligado ao arrependimento do infrator. Perdão, Barley disse, não é uma absolvição. Essas coisas são de responsabilidade dos sistemas de julgamento.

Fisicamente

De acordo com Forever Families, um site patrocinado e revisado pela Escola da Vida Familiar da BYU, o corpo humano produz produtos químicos de “alta tensão”, tais como adrenalina e cortisona quando o perdão é retido. Este aumento da tensão pode trazer dores de cabeça e dores abdominais, com a possibilidade de desenvolver úlceras, gastrite ou síndrome do intestino irritado. Os benefícios físicos do perdão incluem diminuição da pressão arterial e de outros problemas cardiovasculares e uma redução na dor crônica.

O perdão também tem efeitos psicológicos mensuráveis. Ajuda a diminuir a depressão, ansiedade e comportamento violento. Scott Braithwaite, professor no Departamento da Família, Lar e Ciências Sociais da BYU, foi coautor num estudo que mostra que a satisfação geral do relacionamento é aumentada quando o perdão é concedido dentro dos relacionamentos íntimos.

Especificamente, de acordo com o estudo, o perdão nos relacionamentos íntimos reduz conflitos interpessoais negativos e os meios ineficazes de resolução de conflitos. O perdão também aumenta os meios de autorregulação e os esforços gerais de relacionamento dos parceiros.

Reconciliação

“O perdão parece ser um meio de fornecer um encerramento em relação a uma transgressão, e prepara o terreno para a reconciliação”, afirmou o estudo. “Em suma, o perdão parece dar um curto-circuito no uso de estratégias negativas de conflito, permitindo ao casal sair do ciclo de reciprocidade negativa que leva a relacionamentos dolorosos e difíceis”.

USCO Sgt. Cory Wride foi morto por Angel Garcia-Jauregui durante uma blitz em 30 de janeiro de 2014, enquanto a namorada de Garcia-Jauregui, Meagan Grunwald, dirigia um veículo de fuga. Garcia-Jauregui foi posteriormente morto em um tiroteio no mesmo dia com a polícia. Grunwald foi recentemente condenada em um tribunal de Provo por homicídio qualificado, junto a vários outros crimes, e condenada a 30 anos de prisão, com a possibilidade de liberdade condicional.

A esposa de Cory Wride, Nanette Wride, e vários membros de sua família fizeram o seu perdão ser conhecido na imprensa local durante e após o julgamento. Durante a audiência da sentença para Grunwald, Wride reiterou seu perdão a Grunwald.

“Você está perdoada, e eu espero, querida moça, que você possa perdoar a si mesma”, disse Wride durante a sentença.

Após o julgamento, Wride disse que estava feliz por não estar em posição de julgar Grunwald e que encontrou conforto em sua fé cristã na Expiação de Cristo. Ela disse que perdoou Grunwald quase imediatamente. “Lidamos com o que precisamos e o perdão deve acontecer para que todos sejam curados”, disse Wride após a condenação. “Todos merecem o perdão, não importa o quê”.

Tragédia

Em outra tragédia local, Chris Williams perdeu sua esposa grávida, o filho de 11 anos de idade e uma filha de 9 anos, em um acidente de carro envolvendo um motorista bêbado em 2007, em Salt Lake City. Ele disse que “deixou isso de lado” e perdoou quem causou o acidente, mesmo enquanto ainda estava dentro dos destroços de seu carro.

“Eu senti uma cura imediata assim que eu deixei isso de lado”, disse Williams em uma entrevista com o Universe. “Depois de deixá-lo ir havia uma paz naquele momento. Era quase como uma última visão especial que tive com minha esposa”.

Williams viu sua esposa tomar seu último suspiro.

Desde então, ele fez o seu perdão de Cameron White, o motorista do carro que causou o acidente, conhecido através das agências de notícias locais, através da participação em um vídeo postado no mormon.org e escrevendo um livro. Um filme baseado nesse livro, intitulado “Just Let Go”, será lançado em 29 de setembro nos EUA.

“De certa forma, eu sinto como se fosse a coisa mais egoísta que eu já fiz”, disse Williams. “Quando perdoei, tornei-me o completo beneficiário do perdão”. Ele também disse que as pessoas costumam anunciar sua decisão de perdoar como um grande ato virtuoso, mas ele faz questão de atribuir a força que ele encontrou a fazê-lo a Jesus Cristo.

Jesus Cristo

Ele disse que não tem capacidade sobre-humana de perdoar, mas Cristo o carregou mesmo ele sendo um mortal fraco e o ajudou a realizar esse ato de perdão. De acordo com Williams, todos podem ser libertos do fardo após uma tragédia, oferecendo perdão.

Ele tomou conforto no conhecimento de que a justiça seria feita na vida após a morte e na confiança de que o estado resolveria as questões de justiça na terra. Na sala do tribunal, ele disse que não queria tomar parte no julgamento de Cameron White.

“É muito libertador não ter que se preocupar com a justiça”, disse Williams. “No momento em que eu tenho que me preocupar com justiça … o processo de perdoar fica confuso”.

De acordo com Williams, a demanda da sociedade por justiça imediata atrapalha o processo do perdão e coloca aqueles que poderiam perdoar num papel inadequado no julgamento.

“Eu queria que eles não fossem tão extraordinários”, disse Williams dos atos públicos de perdão após as tragédias. Ele disse que espera que o perdão seja visto com mais frequência como uma expectativa social.

Fonte: BYU.edu.  O Conceito do Perdão de Acordo com a Ciência e a Religião – Traduzido por Esdras Kutomi.

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Publicado por: Esdras Kutomi
Formado em SI, mórmon, gosta de RPG e Star Wars, lê artigos científicos por diversão, e se diverte mais com crianças ou idosos do que com pessoas de sua idade.
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