fbpx

O Exemplo dos Fiéis em um Casamento de 80 Anos

É comum, entre os membros da Igreja, a ideia equivocada de que um casamento feito por convênio eterno no Templo vai garantir ao casal alcançar o Reino Celestial, mesmo que em vida, haja constantes desentendimentos, intolerância, ressentimento e impurezas. Digo que essa ideia é equivocada porque o casamento celestial começa na mortalidade, e aqueles que não estiverem dispostos a se “despojar do homem natural” [1], ainda aqui, correm o risco de não estarem preparados para herdar a glória celestial, e nem de merecer ou mesmo suportar a companhia daquele que foi escolhido para herdá-la ao seu lado.

80 anos de união aprendida com o Apóstolo Paulo

Paulo ensinou a Timóteo uma lição que tem ajudado muitos santos na busca pela paz espiritual e por um casamento verdadeiramente celestial. Ele diz: “(…) Sê o exemplo dos fieis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” [2]. Fiquei encantada quando conheci brevemente a história de Don Harvey Wall e Mary Boyson Wall [3], um casal que passou 81 anos unidos em matrimônio. Ele faleceu com 103 anos, e Mary teve a oportunidade de contar o segredo dessa união, que não foi somente longeva, mas também recheada de histórias de atos abnegados um para com o outro. “Sempre tentamos ajudar um ao outro e evitar palavras duras”.

Os membros da Igreja são ensinados constantemente a mudarem os hábitos que possam enfraquecer a relação com o cônjuge. E, seguindo a admoestação de Paulo, devem buscar ser, começando dentro do lar, exemplo dos fieis.

Na palavra e no trato

Namorando

São muitas as pessoas que são excelentes para a sociedade, não proferem palavras ríspidas aos amigos, ao cliente ou àqueles que estão fora do ambiente do lar. Ao contrário disso, fazem de tudo para mostrar seu caráter amável e doce para quem estiver da porta de casa para a rua. Não há nada condenável nessa atitude, afinal, como observa o Elder Jairo Mazzagardi, dos Setenta, as pessoas parecem ter perdido “a capacidade de ouvir e compreender”, tendo pressa em responder, e sendo demasiadamente críticas, não usando de empatia e bondade [5].

Qual é o problema então? Ele está no fato de muitas dessas mesmas pessoas fazerem o extremo oposto com o cônjuge e os filhos. Não pense nem por um momento que apenas agressões físicas deixam cicatrizes e traumas. As palavras duras e os gestos cheios de indiferença e aspereza são igualmente nocivos. Como diz o hino conhecido “Mas lembrai que um gesto duro pode matar o amor também. (…) Frases ásperas ou frias, gestos cheios de rancor matam nossas alegrias, nossa amizade e amor” [4]. Um casamento celestial requer amor, benevolência, paciência, tolerância, altruísmo, e todas as virtudes que aproximarão o casal e a família, como um todo, do Espírito.

No espírito e na fé

casal_idoso-2

Um casamento que não é alicerçado sobre a rocha de Jesus Cristo fica muito fragilizado e suscetível aos males do mundo, e por isso, dificilmente conseguirá ascender ao nível celestial. Não é à toa que a igreja se preocupa tanto com a espiritualidade dos membros individualmente, mais ainda mais com o crescimento espiritual do casal. Cônjuges que constroem seus alicerces “sobre a Rocha de Nosso Redentor” [6] santificam o lar e permitem-se gradativamente viver um casamento celestial ainda que estejam no mundo.

No amor e na pureza

Uma das lições que o casal Don e Mary, citados acima, aprenderam em sua longa jornada pela mortalidade foi a de que o amor não envolve necessariamente emoções, que estão mais ligadas ao corpo do que ao espírito, e sobre as quais nem sempre conseguimos ter controle. O Salvador ensinou-nos muito bem do que se trata o amor, o puro amor, que “permanece para sempre” [7]. Ele tem a ver com ações e com empatia, já que, ao desejarmos a felicidade alheia como buscamos a nossa própria, faremos de tudo para ajudar e evitar machucar os outros, do mesmo modo que desejamos ser felizes, e não pretendemos que sejamos machucados. A caridade no casamento é ainda mais importante, porque é onde está a pessoa que você deliberadamente escolheu para viver ao seu lado. Para um casamento celestial, a felicidade de seu cônjuge deve se equiparar à sua. Atos de egoísmo, agressões físicas e verbais, indiferença e superioridade não constituem caridade.

Levar para dentro do lar as ‘impurezas’ do mundo também não constitui caridade. E uma das grandes batalhas de nossa realidade é manter o lar longe dessas impurezas. Fico imaginando, por exemplo, um lar em que a pornografia está presente, ou que programações degradantes e inadequadas tomem o tempo da família e afastem os cônjuges um do outro. Será que é possível um casamento celestial, se um ou ambos os cônjuges não estiverem dispostos a manter a pureza, o respeito, a dignidade, a fidelidade em todos os sentidos? Nessas condições, ele pode durar por um tempo, mas não eternamente.

Que possamos lembrar-nos das palavras do Presidente David O. McKay: “Devemos manter o lar puro e resguardado dos males do mundo”. Por isso, não permita que as coisas imundas do mundo prejudiquem a pureza de uma relação que foi estabelecida para durar eternamente.

Fontes

1. Mosias 3:19
2. I Timóteo 4:12
3. Lives of Kindness, Service, church News, 21 de setembro de 1996
4. ‘Não deixeis palavras duras’ (Hinos n° 138).
5. “Palavras Duras Podem Matar o Amor Também”.
6. Helamã 5:12
7. Morôni 7:47
8. Conference Report, abril de 1909, p. 66

| Fortalecendo as Famílias
Publicado por: Márcia Denardi
Márcia Denardi é jornalista, professora do instituto e uma mãe totalmente viciada nos filhos. É catarinense e um pouquinho gaúcha de raiz e coração, e escolheu, por tradição paterna, o Grêmio como time do coração e um bom chimarrão como companheiro de trabalho. Ama escrever, cantar e estudar. Escreve para o portal Familia.com.br desde 2012, para o site OsMormons e é locutora voluntária do projeto FairMormon. Também tem um Canal no Youtube para pesquisadores da Igreja.
5 Coisas Que eu Queria Que Tivessem Me Dito, Antes de Ter Servido Uma...
O que significa negar o Espírito Santo?

Comente

Seu endereço de e-mail não será divulgado. Os campos obrigatórios estão marcados com *