fbpx

Por que nos sentimos prejudicados quando outros são abençoados?

Dois aquários de peixes, um com enfeites e outro não

Minha filha de 6 anos de idade, Lucy, é uma irmã bondosa. Ela estava ajudando sua irmã de 3 anos, Emmy, a abrir seu primeiro presente de aniversário. Mas quando Lucy viu o presente dentro do embrulho, sua generosidade se tornou numa inveja amarga.

“Como?”, ela disse incrédula, com os olhos fitos em mim e minha esposa, quando ela viu uma boneca de um filme popular para crianças. “Eu quero uma boneca da Elsa!”

Se você tem filhos, ou se já foi jovem, ou se é um ser humano, deve estar familiarizado com essa cena. Uma criança está contente e satisfeita até ver outra criança com algo que ela não tem — mesmo que ela já tenha muitos brinquedos e muitos motivos para ser feliz com o que tem.

Adultos vêem isso claramente como uma miopia infantil, mas se formos honestos vemos que essa visão turvada não termina na infância. Sentimentos de ciúmes e inveja de nossos irmãos abençoados fazem parte de nossas vidas até o fim.

Por que nos sentimos prejudicados quando outra pessoa é abençoada?

O mandamento “Não cobiçarás… nem coisa alguma do teu próximo” pode ser o último dos 10 mandamentos, mas foi um dos primeiros que eu tive de lutar contra. (Talvez seja por isso que eu veja esse problema tão claro naos meus filhos). Outros colegas de escola eram fisicamente e socialmente talentosos; outros missionários tinham uma abundância maior do dom de línguas; Outros ouviram as palavras “Você está contratado” para vagas de emprego que eu queria e tinha sido entrevistado; e hoje, outros tem casas maiores, mais dinheiro, mais liberdade.

Eu realmente sou uma das criações de Deus mais fracas, e eu passei um longo tempo de minha vida com inveja dos outros que tinham mais. Eu repetidamente falhei em ser eles, esquecendo que havia um eu único e divino.

Felizmente, fracassos nos trazem para mais perto da verdade pelo processo de eliminação. Minha incapacidade de ser o que os outros eram me deixou mais próximo de aprender quem sou eu e o que eu posso ofertar ao mundo.

Eu me sinto atraído pela pergunta do Élder Jeffrey R. Holland: “Por que nos sentimos prejudicados quando outra pessoa é abençoada?” Isso, ele disse, é uma “pergunta fundamental que temos de trabalhar em nossas vidas antes do fim”.

Eu tenho mais de 30 anos e ainda tenho dificuldades em responder a pergunta do Élder Holland. Felizmente, Deus me abençoou com uma grande variedade de ajudantes em minha vida — incluindo uma esposa, três filhas, pais, irmãos, cunhados, colegas de trabalho, e ótimos livros — que me ensinaram não só quem eu sou, mas me ajudam a me sentir confortável comigo mesmo, como uma criação de Deus.

Cada um de nós tem suas próprias bençãos

As escrituras e palavras de líderes religiosos fora do mormonismo também têm sido bons companheiros na jornada da vida.

A saber, sou consolado pelo livro de Alma no Livro de Mórmon. Mesmo como um líder espiritual, ele confessa ter perdido um pouco o foco em seu desejo de pregar arrependimento ao mundo inteiro. Ele reconhece o pecado em desejar fazer tudo e chega a humilde conclusão de que ele não é o único recurso de Deus para cumprir Seu projeto divino. “Deveria contentar-me com as coisas que o Senhor me concedeu,” disse Alma (Alma 29:3).

Outro gigante espiritual, Paulo, compara a Igreja a um corpo, e nos lembra que “o corpo não é um só membro, senão muitos” (1 Coríntios 12:14). Além disso, Doutrina e Convênios ensina a doutrina libertadora que ” a cada homem [e mulher] é dado um dom pelo Espírito de Deus” (D&C 46:11, ênfase adicionada).

O Rabi Jonathan Sacks, ex-rabi principal da União Hebraica e um grande autor, compartilhou o seguinte:

“Paz vem quando vemos nosso reflexo na face de Deus e deixamos de lado o desejo de ser outra pessoa. … Não há necessidade de querer a benção de outro. Todos teremos nossas próprias bençãos” (Not in God’s Name, 139).

Seguindo adiante com satisfação

Eu gastei muito tempo apanhando na vida ao tentar ser outras pessoas e ter o que elas tem. Não confiava na promessa de Deus de que eu tenho algo especial para ofertar, e esquecia Seu ensinamento que eu precisava me contentar com essa oferta.

Na verdade, nem o tamanho nem a visibilidade de nossa contribuição importa. O reino Dele tem uma aritmética estranha, onde Ele deixa 99 para achar 1 perdida, coloca o último como primeiro, eleva os servos ao trono, e sente a fé dos simples, dos fracos, dos rejeitados e dos ignorados.

É claro que essas verdades soam bem, mas na prática a realidade é dura. Mais importante, portanto, é se engajar na obediência de constantemente buscar, orar, e descobrir nosso lugar no plano de Deus — ao mesmo tempo em que confiamos que Seu amor por nós é independente de nossos feitos, enraizados na verdade que somos e sempre seremos Sua divina criação.

Nas esperançosas palavras de um escritor, “Em algum lugar no mundo, há um espaço no seu formato. Quando encontrar, você vai se encaixar”. E dessa forma eu sigo adiante, lutando contra a inveja infantil e o medo do abandono terrestre e celeste, mas sempre buscando ser o que Deus quer que eu seja.

Artigo escrito por Samuel B. Hislop no BLOG do site LDS.org. Traduzido por Esdras Kutomi.

| Para refletir
Publicado por: Esdras Kutomi
Formado em SI, mórmon, gosta de RPG e Star Wars, lê artigos científicos por diversão, e se diverte mais com crianças ou idosos do que com pessoas de sua idade.
amigo inativo
Uma carta para o meu amigo inativo
como cheguei aqui
"Como cheguei aqui", conheça os participantes do reality show

Comente

Seu endereço de e-mail não será divulgado. Os campos obrigatórios estão marcados com *